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Não partimos todos do mesmo ponto

A meritocracia, em suma, apregoa o alcance do poder pelo merecimento. Na consideração que nos interessa, obter um cargo público é alcançar poder, seja qual for a motivação.

E poder aqui, fique bem claro, deve ser considerado no sentido de ter influência, valimento. Uma das regras, ao meu ver, é que o poder se perpetua. Ou seja, há uma redoma que protege a linhagem dos “pertencentes”, dos “insiders”, daqueles que conhecem o jogo e as regras. 

Mas trata-se de uma falácia (a meritocracia). Por que não partimos todos do mesmo ponto e não possuímos as mesmas condições. E nem se diga que o esforço compensa a falta do resto (que resto?). Pois não. 

Há exceções, a dos desacreditados que galgam o olimpo, seja qual for. E a dos “privilegiados” que acabam na sarjeta. Mas essa é mais uma questão filosófica ou moral do que da “práxis”.

Retomo. Estabelecido que as condições são distintas, não há equalização possível. A não ser entre os iguais. Pois uns são mais iguais que outros, não? 

Simplificando: Não posso julgar quem não passa em um concurso, mesmo tendo condições favoráveis, pois não estou de posse de todas as variáveis. Afinal, todo ponto de vista é a vista de um ponto. 

Não temos todos as mesmas oportunidades, as mesmas condições, os mesmos incentivos e estímulos. Cada um enfrenta a maré como pode. Alguns remando com as mãos, outros em um veloz iate. A comparação, para os fins propostos, é errônea.